Na Praça do Pacificador da minha infância, lá estava aquele homem. Montado em seu cavalo, empunhando seu bigode e sua espada, ele se preparava para invadir o chafariz do outro lado. Meus olhos brilhavam diante daquela imagem, como se quisessem ver aquela cena de batalha quase quixotesca.
Naquele tempo, como meus heróis de brinquedo, o Duque de Caxias podia até voar... e a intensidade dos seus golpes eram medidos pelos tipo de barulho que eu pudesse fazer com a boca. E no fim do mês de agosto, aquele solitário cavalariço recebia o reforço e a companhia dos seus descendentes: a linhagem bélica dos heróis da pátria.
Sem me dar conta disso, vi o bronze limpar manchas de sangue de espadas assassinas e remover as sujeiras biográficas de muitos personagens dessa nossa tragédia humana.
Mas foi às margens do Rio Acre que surpreendi meu compadre ao fotografar aqueles pés sem sapatos ou botas. Ali, o bronze não escodia nada. Ao contrário, revelava uma característica verdadeiramente heróica do nosso povo: fé na caminhada.
Meu olhos finalmente aprenderam, assim, a separar os heróis só da ficção dos heróis da vida real.
Mas eles por eles mesmos não cometem essa separação.
ResponderExcluirSe bem que, "cometer" faz com que qualquer termo seguinte lembre um crime.
Enfim.
É verdade... Eu também brinquei de heróis nessa mesma praça e sinto saudades dessa época. Tempo esse que, pelo menos para mim, tem um papel interessante, ou seja, quando criança ele me ajuda a não entender esses valores de heróis sonhando; quando adulto, já mais concientizado de nossa realidade periférica e ainda não entendo tais valorizações, e até mesmo um pouco cansado de militar nossos ideais, ele me coloca numa releitura de herói totalmente diferente. Acho eu para dizer o seguinte: "Meu jovem! Ainda há tempo disso tudo mudar..."
ResponderExcluirPIU