Uma típica cena suburbana desenhada por Jano.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A mística do Colégio Pedro II



Os textos já escritos parmenecem atuais quando insistem em traduzir os sentimentos verdadeiros de alguém. Assim eu me sinto em relação ao que escrevi sobre e para o Colégio Pedro II. Parabéns, pelos 173 anos de vida!!!



Para uns, o Colégio Pedro II é uma instituição de ensino respeitável e que, por apresentar uma equipe de profissionais de excelência, corresponde a uma grande oportunidade de ascensão profissional. Para outros, é um emprego público, que lhes garante estabilidade e segurança, diante das oscilações de uma economia de mercado, que gera, a todo momento, desemprego. Para outros ainda, é um trampolim para ambições maiores, talvez até no cenário político brasileiro.


Mas existe uma relação, envolta de uma certa mística, que se manifesta nos mais diferentes espaços, por meio dos mais diversos personagens. Seja no restaurante, na pizzaria, na fila do cinema, nos pontos de ônibus, nos estádios, nas festas, em todo lugar, se alguém por ventura puxar os primeiros versos da “Tabuada”, pessoas de todas as idades entoarão juntas um mesmo canto: “zum zum zum pararatibum, Pedro II”.


Na tradicional “Feijoada dos ex-alunos”, todas as gerações se encontram num abraço atemporal, no qual, diferentemente do que ocorre na sociedade, os mais velhos são os mais respeitados, porque têm mais histórias para contar. O avô mostra ao neto onde eram as salas do antigo Internato e não se cansa de relatar as suas “travessuras” para aquela cabecinha sonhadora, que já passa a olhar para os nossos símbolos com outros olhos.


E o que dizer das pessoas que nos olham com outros olhos quando sabem que somos do Pedro II? Quantas vezes, não nos pararam – depois de reconhecer em nós algum símbolo característico (adesivo, camisa, uniforme) –, querendo alguma notícia do “seu” colégio? E a pergunta é sempre a mesma: “Como vai o nosso colégio, continua o mesmo?”. Claro que o que desejam saber é se nós estamos conseguindo passar para as novas gerações aquilo que eles aprenderam e que está para além das matérias e muito além das salas de aula: a nossa mística.


Quando escrevi, há alguns anos, o poema “Tive o mundo em meu peito”, estava me referindo ao nosso emblema, que vai a cada ano mudando os números, que depois se convertem em estrelas. O que faltou dizer ali, é que a etapa final da metamorfose é que o nosso emblema, depois das três estrelas, fica gravado para sempre no nosso coração. O que é invisível para os outros, salta os olhos para nós. Porque só os nossos olhos vêem a nossa mística. Os outros não. Os outros são cegos a isso.

Márcio Hilário

26/10/2009