Uma típica cena suburbana desenhada por Jano.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Menos literário e mais literal: devaneios racionais sobre o carnaval... nas terras de Chico Rei.

Não poderia deixar de escrever algo sobre essa festa (profana ou divina?), que é o carnaval. Festa do povo, que apita muito pouco ou quase nada. Festa com o povo, que faz apenas figuração para as grandes celebridades (?). Festa para o povo, que somente consome as imagens transimidas pelas emissoras de tevê.

É bastante lucrativo para muitas empresas, principalmente as de comunicação que detêm os direitos de transmissão dos desfiles, reduzir a ideia do carnaval carioca à Marquês de Sapucaí. Chegam a ser ridículos os comentários especializados (???) de quem nunca pisou na quadra das escolas e muito menos saberiam dizer onde ficam as comunidades as quais elas representam. Aliás, é essa mesma comunidade que perde as suas fantasias para artistas globais e patrocinadores, mesmo tendo ensaiado duramente por meses, enquanto os outros nem sabem cantar o samba.

Mas, apesar de toda essa hipocrisia social, é sim o carnaval uma festa mágica. O impossível torna-se possível e o sonho invade a realidade. Personagens separados pelo tempo e pelo espaço podem caminhar lado a lado como antigos amigos. E a alegria toma conta do ar.

Pena que isso não possa ser de verdade e todo dia.

PS: A foto acima foi tirada por mim na dispersão do desfile da Vila Isabel. Ali estávamos, sob os aplausos das pessoas comuns, que realmente torcem pelas suas escolas. No ar, os símbolos da "boemia": os chapéus e a lua, separados pelo símbolo da passarela do samba.

2 comentários:

  1. A inversão descrita pelo DaMatta está sendo desfeita... o Carnaval, pelo menos o da Sapucaí, virou festa de celebridade.

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  2. Eu tava lá, à sua direita, na arquibancada popular. A Vila Isabel merecia e muito. Mais até que a minha Mangueira querida. Foi um dos carnavais mais doidos de todos os tempos: nunca o carnaval esteve tão no mapa, na rota de festas cinco estrelas do mundo e nunca a Grande Rio e a Beija-Flor necessitaram roubar tanto como nesse ano, e nem assim ganharam. Não fosse a unanimidade de Paulo Barros, ia dar Grande Rio. Uma lástima pra quem gosta e estava lá assistindo.

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