Como alguém como eu poderia encontrar as palavras certas para homenagear um homem que é absolutamente fundamental na minha vida. Encontrei Leonardo Boff pessoalmente em três ocasiões: numa palestra no CCBB, nos corredores da Bienal do Livro do Rio e no I Encontro Nacional de Fé e Política, em Santo André, São Paulo. Na última delas, em dezembro de 2000, com os olhos cheios d’água, pude dizer-lhe, do fundo do meu coração, como lhe sou grato por tudo o que ele fez, o que ele disse e o que ele é. Não me esqueço daquela senhora na fila para pedir-lhe que autografasse um livro seu que ela tinha nas mãos: humilde mulher para quem suas palavras tocaram tão fundo quanto em mim. Mas não... não é idolatria que ele merece. Merece ter o mundo que sempre sonhou e para o qual nunca cansou de lutar.
Em outros momentos, as Histórias do Subúrbio já falaram sobre o Anel de Tucum e a Teologia da Libertação. A personificação de tudo o que isso representa para mim é Leonardo Boff. Além de ter aprendido muitíssimo com sua forma de ver o mundo, fui com ele capaz de perceber que há muito mais cristianismo na luta incansável e militante por justiça social do que em longas horas de meditação na clausura de um templo, orando por transformações abstratas para um mundo ilusório. Há muito mais de Jesus na solidariedade dos humildes, que doam mesmo sem ter o que dar, do que na caridade automática e esvaziada dos ricos. Os pobres são nossos mestres e os miseráveis, os nossos doutores. É preciso ouvir seu lamento e atender ao seu clamor.
Para Leonardo Boff, o maior ensinamento de Cristo está na oração na qual se fala não apenas de um Pai nosso, mas, sobretudo, de um Pão nosso. Nesse sentido, ele via um “Jesus Cristo libertador”, que não morreu doente numa cama cercado de discípulos, mas como um militante da justiça. E por ela foi preso, torturado e assassinado. Essa é a mensagem fundamental: a fé não existe para uma práxis meramente contemplativa e alienada, mas sim para uma ação orgânica e crítica na luta por justiça, sobretudo em favor dos mais humildes. Sendo assim, o melhor presente de aniversário que podemos dar um homem como Boff não é falar dele ou apenas ler o que ele escreveu, mas juntar-se a ele em sua eterna militância.
Márcio Hilário
14-12-2011
Uau! Belo texto, Mestre! Parabéns ao Leonardo Boff pela vida e data e a vc pelo artigo.
ResponderExcluirMuito bom! Você faz parte da minha história em conhecer mais e admirar mais Leonardo Boff. Meu muito obrigado em lembrar das suas inesquecíveis aulas de paixão e emoção em falar do Leonardo Boff!
ResponderExcluirCompadre,
ResponderExcluirEstava um pouco afastado em ler seus artigos, em função da correria e trabalho que graças a Deus não param. Tu sabes que além de admiradores de Boff também nos admiramos e estamos juntos nessa caminhada. Adorei seu texto como sempre, parabéns por SER o que você é.
Beijão,
PIU.