Ditados
populares sempre me irritaram um pouco. A chamada sabença do povo nunca foi
imune aos preconceitos que se enraizaram nas culturas. Muito pelo contrário, as
massas sempre funcionam como vetores de uma ideologia que, invariavelmente,
agiu contra elas próprias. Sendo assim, nem sempre é a melhor verdade a verdade
que o povo diz. Quer dizer, o povo espelha perfeitamente aquilo que está ao seu
redor, o que não significa que analise criticamente e bem todas as suas implicações. Falta-lhe
talvez algum distanciamento para entender como aquilo se insere em um contexto
maior.
Analisando carinhosamente
o título desta nossa crônica, veremos um exemplo dessa lógica perversa dos
ditos populares. É a dança das cadeiras: parou a música, as qualidades trocam
de lugar até que no fim, só restará algo bom. Claro! Considerando uma
perspectiva binária na qual o polo oposto é sempre o péssimo, o ruim
naturalmente pode se converter em excelente. Afinal, qualquer coisa é melhor do
que nada. Ou não é?
Somem-se a isso algumas
outras máximas. Ninguém é perfeito. É errando que se aprende. Dos males o
menor. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Em tempo de guerra urubu
vira frango. Pra quem tem fome, guardanapo é bolo. Quem não tem cão caça com
(ou como?) gato. É ou não é? Não! Não é! Gatinhos não latem! Comer um pacote de
guardanapo dá indigestão! O urubu não é mascote do Atlético Mineiro! Para de
show: dos males o menor? Tá bom, o crime não se torna mais leve quando o
assassino usa uma arma de baixo calibre! Há erros que não têm conserto, meu caro!
Não ser perfeito, tudo bem, mas não dá pra erra sempre, né?
Se é verdade que
as coisas poderiam ser bem piores do que são, é igualmente verdadeiro que elas
poderiam ser bem melhores também. Só que não é por isso, então, que devemos
inverter a tabela e achar que tudo afinal é uma droga. As coisas simplesmente
são o que são e devem ser vistas assim. Ao fim, ao cabo, dialeticamente
precisamos ver os pontos positivos e negativos, reconhecer os acertos, mas
denunciar os erros, buscando melhorar sempre. Não dá pra aceitar metade de nada
como se fosse tudo. Metade é metade. É pouco, é pedaço. Como aprendi nas canções
das comunidades eclesiais de base, “Deus criou o infinito para a vida ser
sempre mais!”.
Márcio Hilário
19-03-2013
Pra quem não tem nada, metade é o fundo do poço!
ResponderExcluirPra quem não tem nada, nada à dizer tbem (pq não é possível)
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