Embora não seja
muito do meu feitio usar este espaço de linhas suburbanas para dar eco às
notícias que circulam por aí pela imprensa ou ainda que também esteja longe de
meus horizontes a ideia de tornar-me um mero escravo do calendário, quero usar
este último dia do mês de março para repactuar-me com o tempo.
O primeiro passo
é lembrar que estamos na véspera do Dia da Mentira, que teve seu ápice no Brasil,
especificamente no milésimo nongentésimo nonagésimo quarto ano do nascimento do
Nosso Senhor Jesus Cristo, quando militares e membros da sociedade civil decidiram
colocar o país nos eixos desencadeando uma revolução. Esqueçamos as questões
religiosas e a contagem histórica do tempo e foquemos só nas “nossas” mentiras:
onde se lê revolução do dia trinta de março, leia-se golpe civil-militar de
primeiro de abril. De resto, é certo que o país entrou nos eixos... desde que entendamos
duas metonímias, trocando “país” por “alguns brasileiros” e “eixos” pela ideia
de “máquinas de tortura e morte”.
Segundo os
golpistas e a sociedade civil organizada que apoiou aquela ação e ainda hoje manifesta
por ela certo saudosismo de quem deixou o trabalho incompleto (leia-se: gente
viva), tudo era para ser apenas temporário. E foi. Só que os poucos meses, viraram
vinte anos. Ah! Sejamos brandos, apenas duas décadas! Afinal, meses, anos,
décadas, tudo é unidade de medida tempo, poxa! Sim. É essa não diferenciação
entre o transitório e o permanente que faz com que, no Brasil, todos que
entraram para ficar só um pouquinho acabem querendo ficar um pouquinho mais.
Foi nessa de
querer ganhar um “continue” que o então presidente Tucano Henrique passou por
cima da revolução dos bichos e jogou todas as fichas, moedas, notas e cargos
para a aprovação da sua reeleição. Infelizmente (só para ele, claro!), aqui no
Brasil não se pode ficar no poder ininterruptamente ad infinitum. Por isso, tento perdido prestígio e sendo praticamente
esquecido pela ascensão de um certo tipo de molusco, só resta a Tucano Henrique
tentar coroar sua infinita vaidade com outra expressão latina: ad immortalitatem. Agora, eu só me
pergunto uma coisa: como pode ser eleito para a Academia Brasileira de Letras
um homem que mandou que esquecêssemos tudo o que ele escreveu?
Espero que, desta
vez, acontecendo ou não no dia primeiro de abril, este triste provável
acontecimento histórico possa ser futuramente lembrado como apenas uma
mentirinha de mau gosto.
Márcio Hilário.
31-03-2013
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