sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Lixo extraordinário
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
"Panis et circenses": como é ser atleta no Brasil
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Os filhos do silêncio
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Cartão de Natal

“Prova de amor maior não há
Que doar a vida pelo irmão”
(Canção litúrgica)
Todos os anos, nessa época, as pessoas enviam cartões com votos de boas festas e mensagens de paz e fraternidade. Nos tempos modernos, o espírito natalino impulsiona bastante o comércio e movimenta bem o mercado. Sendo assim, importa mais o valor dos presentes do que o valor de ser presente. Por isso, não pensei em um cartão de natal que tivesse neve, renas, árvores ou enfeites, mas rostos... simplesmente rostos de homens e mulheres de muita presença.
Sabe o que estas pessoas tiveram em comum? Todas foram assassinadas na luta por justiça. Todas levaram seu amor ao próximo ao limite de entregar sua própria vida. Então, agora me responda: quem seguiu mais e melhor os passos de quem foi torturado e morreu na cruz, estes leigos, sacerdotes e religiosos, ou aqueles ficam nos palcos-altares batendo palminha? Os que precisam fechar os olhos para sentir a presença de Jesus ou estes que, enquanto tinham seus olhos abertos, viram o Cristo no rosto dos oprimidos?
Faça um pequeno teste: você conhece a história pessoal de quantas destas pessoas? Pois é. Sabia que ainda há nos dias de hoje muitos que seguem os mesmos passos que elas seguiram quando vivas? Como, se ninguém vê? Acontece que gente assim não está em programas de rádio e televisão, mas conhece de fato as pessoas (que não levam vida de rádio e tv) e onde elas moram (quando moram!).
Pense em tudo isso e tenha um "FELIZ NATAL"!!!
Márcio Hilário.
20-12-2012
PS: Ah! Já ia me esquecendo: os responsáveis por essas mortes (e outras tantas, quem sabe?) estão livres, leves e soltos até agora!!!
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Leonardo Boff: o militante completa 73 anos

Como alguém como eu poderia encontrar as palavras certas para homenagear um homem que é absolutamente fundamental na minha vida. Encontrei Leonardo Boff pessoalmente em três ocasiões: numa palestra no CCBB, nos corredores da Bienal do Livro do Rio e no I Encontro Nacional de Fé e Política, em Santo André, São Paulo. Na última delas, em dezembro de 2000, com os olhos cheios d’água, pude dizer-lhe, do fundo do meu coração, como lhe sou grato por tudo o que ele fez, o que ele disse e o que ele é. Não me esqueço daquela senhora na fila para pedir-lhe que autografasse um livro seu que ela tinha nas mãos: humilde mulher para quem suas palavras tocaram tão fundo quanto em mim. Mas não... não é idolatria que ele merece. Merece ter o mundo que sempre sonhou e para o qual nunca cansou de lutar.
Em outros momentos, as Histórias do Subúrbio já falaram sobre o Anel de Tucum e a Teologia da Libertação. A personificação de tudo o que isso representa para mim é Leonardo Boff. Além de ter aprendido muitíssimo com sua forma de ver o mundo, fui com ele capaz de perceber que há muito mais cristianismo na luta incansável e militante por justiça social do que em longas horas de meditação na clausura de um templo, orando por transformações abstratas para um mundo ilusório. Há muito mais de Jesus na solidariedade dos humildes, que doam mesmo sem ter o que dar, do que na caridade automática e esvaziada dos ricos. Os pobres são nossos mestres e os miseráveis, os nossos doutores. É preciso ouvir seu lamento e atender ao seu clamor.
Para Leonardo Boff, o maior ensinamento de Cristo está na oração na qual se fala não apenas de um Pai nosso, mas, sobretudo, de um Pão nosso. Nesse sentido, ele via um “Jesus Cristo libertador”, que não morreu doente numa cama cercado de discípulos, mas como um militante da justiça. E por ela foi preso, torturado e assassinado. Essa é a mensagem fundamental: a fé não existe para uma práxis meramente contemplativa e alienada, mas sim para uma ação orgânica e crítica na luta por justiça, sobretudo em favor dos mais humildes. Sendo assim, o melhor presente de aniversário que podemos dar um homem como Boff não é falar dele ou apenas ler o que ele escreveu, mas juntar-se a ele em sua eterna militância.
Márcio Hilário
14-12-2011
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Um batuque imperial

terça-feira, 8 de novembro de 2011
Os Estudantes e a PM: só um tapinha não dói

“Era só mais uma dura
Resquício de ditadura
Mostrando a mentalidade
De quem se sente autoridade
Nesse tribunal de rua”
(Marcelo Yuka)
Universitários reivindicam a saída da PM do campus após a prisão de colegas que fumavam maconha. Era mais ou menos assim a notícia que me fez pensar um pouco na questão para entender melhor a mobilização estudantil. Teria sido ela motivada exclusivamente pelo episódio da repressão ao consumo de drogas dentro da universidade ou, numa visão mais ampla, por temer que a liberdade de expressão fique ameaçada, impedindo, assim, futuras manifestações? Continuei pensando sobre o assunto.
Que a maconha já está mais do que institucionalizada no meio estudantil é fato. Aliás, ela já faz parte da cultura universitária. Calma. É claro que eu não estou afirmando que todo estudante do ensino superior é usuário, mas sim que o poderia ser, se assim o desejasse. Todo mundo sabe (ou pode saber) onde, quando, como e com quem comprar e onde, quando, como e com quem fumar. Para alguns, deveria estar até na grade curricular: Maconha I, Maconha II, Maconha III etc. É normal. Logo, quem entrou de gaiato nessa história foi a PM.
O problema é que a PM não entende isso. Ou entende e não acha tudo tão normal assim. Afinal, quem é do subúrbio sabe muito bem que na nossa área não cola esse papo de cultural ou forma de expressão não. Lá não tem tanguinha de crochê nem qualquer glamour ou idealismo. Que usuário que nada, é maconheiro mesmo! E quem dá um tapinha leva logo um tapão dos ómi. Quando olha pra frente, o pôr do sol está no cano de uma arma. É cabeça baixa e coturno nas costelas. E tudo isso por quê? Maconha é ilegal, marginal!!!
E era justamente aqui onde eu queria chegar. A questão é liberar geral ou só para um grupo? A lei deveria valer para todos ou para alguns? Quando há intervenção militar em áreas de exclusão, o lema é a territorialidade. Ou seja, a necessidade de reconquistar espaços que, ao serem abandonados pelo estado, foram dominados por grupos armados que criaram e impuseram suas próprias leis à margem da Constituição. Ora, se é desse modo, por que só as universidades, as casas de show e o Posto 9 têm privilégios territoriais? O subúrbio também quer.
Quanto ao impasse na universidade, cabe à polícia entender que a sua função é, antes de tudo, proteger o e servir ao cidadão e não vigiá-lo e puni-lo. Seu dever é garantir os direitos de ir e vir e de livre manifestação dos membros da comunidade universitária, bem como zelar pelo patrimônio público. Do lado dos estudantes, cabe cumprir as leis que regem o país e, em caso de discordância, lutar para modificá-las, utilizando todos os mecanismos que sejam compatíveis a um estado de direitos. Para tanto, é preciso contar com menos paus, pedras, máscaras e pichações, e mais com aquilo que deveria ser o seu diferencial qualitativo na sociedade: a inteligência.
Márcio Hilário
08-11-2011